O que é um AVC?
Um AVC é abreviatura para acidente vascular cerebral que implica que ocorreu numa determinada zona do cérebro alteração/lesão da irrigação.
Essa lesão leva a alterações numa metade do corpo (Dta. Ou Esq.)
Factores de Risco:
Não modificáveis: idade, sexo, causas genéticas, estenose assintomática da artéria carótica, AVC ou AIT anterior; doenças tumorais;
Modificáveis: hipertensão; diabetes mellitus; fibrilhação auricular; hipercolesterolémia; tabagismo;
Outros factores: Obesidade; contraceptivos orais; estado de hipercoagulação;
Conselhos:
Alteração da fala (afasia):
Deve-se:
– Falar mais devagar que o habitual de preferência para o lado afectado;
– Usar frases simples e curtas;
– Dar a informação de uma só vez;
– Fazer uma pergunta e aguardar pela resposta;
– Encorajar o doente a falar.
Dificuldades em comer:
Deve-se:
– Encorajar o doente a comer sozinho, mesmo que com preparação prévia da comida;
– Se necessário a utilização de ajudas técnicas.
Disposição do quarto:
O doente deve ficar voltado para o centro do quarto. A mesa de cabeceira deve ficar do lado afectado de forma a estimular o mesmo.
Acamamento:
A imobilidade do doente é um factor de risco para o aparecimento de escaras (feridas). Para prevenir este factor deve-se:
– Repartir o peso corporal, alternando o posicionamento do doente de 2 em 2 horas;
– Manter o leito limpo, seco e sem rugas;
Posicionamento na cama:
Decúbito dorsal (barriga para cima):
– Cabeça apoiada numa almofada;
– Uma almofada por baixo do ombro afectado;
– Braço afastado do corpo, esticado com a palma da mão virada para cima;
– A perna afectada não deve ser mantida em extensão, deve-se colocar uma almofada por baixo do joelho;
Decúbito ventral (barriga para baixo):
– Pés fora do colchão, para que os dedos dos pés não fiquem flectidos);
– Almofada da cabeça de tamanho pequeno;
– Cara virada para um dos lados, de preferência para o lado afectado;
– Braço afastado do corpo e pouco flectido;
Decúbitos laterais (deitar de lado):
Deve-se ter cuidado com o membro superior afectado, que nunca deve ser deixado sobre pressão, com o afastamento dos membros inferiores, através do uso de almofadas;
A – Virado para o lado bom
B – Virado para o lado afectado
Transferências:
Deitado para de lado:
O doente deve rodar inicialmente com ajuda, sendo essa ajuda retirada com a sua evolução;
Deitado para sentado:
Ao sentar-se deve ter em atenção o uso do braço afectado de forma a evitar o deslocamento do ombro (luxação) e ajudar a colocar os membros inferiores fora da cama;
Sentado para de pé:
Para levantar o doente deve ter em atenção dois aspectos importantes: suportar o braço afectado (para evitar o deslocamento do ombro); colocar os nossos joelhos entre os joelhos do doente, para o trancar;
Uso de bengala:
A bengala só se usa com aconselhamento do fisioterapeuta ou do médico. Quando usada sem aconselhamento produz uma sensação falsa de segurança, favorece a assimetria e dificulta a transferência de peso, resultando numa marcha anormal;
Posição de sentado:
Na posição de sentado é importante a posição do braço afectado. O ombro deve ser mantido afastado do corpo e o cotovelo parcialmente flectido. O braço deve ser sustentado por uma almofada para impedir a luxação do ombro;
Uso de bolas:
É vulgar ser dado ao doente uma bola para fazer exercícios à mão lesada. A não ser por aconselhamento do fisioterapeuta ou do médico, o doente não deve usar nenhuma bola, pois o que é correcto é exercícios para ajudar a abrir a mão e os dedos;
Vestir:
O treino desta situação necessita de um período de tempo mais longo. Para o doente é por vezes um esforço enorme, o que lhe pode provocar irritação e consequentemente desmotivação. Se existe frustração à regressão e não progressão;
O familiar não pode ser rígido nas técnicas e é benéfico elogiar todos os pequenos progressos. Tentar sempre que as actividades sejam sempre com o lado afectado.
Princípios básicos:
– Não substituir o doente, apenas auxiliar;
– Motivá-lo a arranjar-se mesmo que não saia de casa;
– A roupa deve ser escolhida pelo doente;
– O lado afectado é o primeiro a vestir e o último a despir.
Adaptação do vestuário:
– Largo, desligado e com bastante elasticidade;
– É aconselhável os botões pequenos serem substituídos por uns maiores e a casa dos botões alargadas;
– Sapatos do tamanho adequado, que se adaptem bem ao pé e permitam estabilidade. Em vez dos atacadores utilizar os fechos autocolantes ou com elásticos laterais. Existe uma adaptação para os sapatos com atacadores como mostra a figura:
– O soutien é posto à volta da cintura com a parte de trás para a frente, de modo a apertar os colchetes e rodá-lo para a posição correcta; com a mão sã colocar a alça até ao ombro do lado afectado > ajustar o soutien do outro lado; por vezes é necessário encurtar as alças; um soutien com aperto à frente é preferível;
Vestir a camisa/casaco:
– A peça de roupa é desdobrada no colo do doente, com a parte da frente voltada toda para baixo e o colarinho junto aos joelhos;
– Em primeiro lugar entra a manga no braço afectado; punha a manga até ao cotovelo; com a mão sã puxa a peça de roupa até ao ombro e costas de forma a poder enfiar a outra manga no braço;
Despir a camisa/casaco:
– Com a mão sã desaperta os botões e punha pela camisa/casaco até ficar com o ombro livre; retira a manga do braço são; despe a manga do braço afectado, se necessário apoiando a mão afectada por baixo da coxa afectada.
Vestir as calças:
Com a mão sã:
– Cruza a perna afectada sobre a sã; coloca primeiro a calça na perna afectada até ao joelho; descruza a perna; coloca a calça na perna sã; punha as calças para cima o mais que poder; se usar suspensórios, já devem estar colocados nas calças; puxar o fecho éclair ou com o auxílio de uma argola ou uma fita colocada para o efeito;
Despir as calças:
– Com a mão sã desapertar o cinto, os botões ou o fecho éclair; se usar suspensórios retira-os com a mão sã de cima dos ombros; retira a calça da perna sã; retira a calça da perna afectada; se o doente não tem bom equilíbrio sentado, é preferível vestir ou despir as calças deitado na cama, para o conseguir o doente faz o exercício da ponte;
Para calçar as meias:
– Cruzar a perna afectada de modo a que o pé fique ao alcance da mão sã; Com a mão sã colocar a abertura da meia no pé afectado e puxar.
Higiene e conforto:
– Ter sempre em atenção aos hábitos anteriores do doente;
– Caso possível e se necessário, adaptar a casa de banho à incapacidade funcional do doente;
– Se a sanita for demasiado baixa deverá elevar-se o assento da mesma 8 a 15 cm;
– Colocar uma barra de apoio na parede junto à sanita ou fixa no chão, uma barra em ângulo rectos;
– Se não tiver sanita, utilizar um bacio alto;
– Não utilizar tapetes no chão da casa de banho;
– Para tomar banho, o mais conveniente é ser de duche, preferencialmente, num poliban, se não é possível na banheira. Nesta deve ser utilizado: Banco com encosto ou cadeira, com calços de borracha para garantir maior estabilidade; Um tapete de borracha com ventosas no fundo da banheira; Barras de apoio na parede lateral e no topo, visto que os problemas de equilíbrio são frequentes; Mangueira de chuveiro flexível.
Entrar e sair da banheira:
A cadeira fica paralela à banheira e o doente entra pelo lado bom agarrando-se com a mão ao bordo da banheira ou à barra de apoio. Depois coloca a perna boa dentro e com o braço bom coloca a perna afectada dentro da banheira.
Para sair é idêntico com excepção da cadeira de rodas que é colocada no outro lado e primeiro sai a perna má e depois a boa, depois o doente agarra com a mão a cadeira de rodas e senta-se.
Unhas:
– As unhas das mãos e dos pés devem ser mantidas curtas. A tesoura deve ser de pontas redondas. O doente pode necessitar de ajuda nesta tarefa.
Barba:
– É preferível utilizar uma máquina eléctrica de barbear;
– Sentar-se numa cadeira junto à mesa com um espelho à frente e com boa iluminação;
– Se o doente utilizar uma lâmina de barbear deve ser ensinado a colocar a mão afectada debaixo do queixo para apoiar a cabeça ou colocar o queixo sobre almofadas.
Pentear:
– Ensinar o doente a pentear-se com o braço são se o outro estiver plégico (ausência de força), ou em caso de parésia (diminuição da força muscular), estimulá-lo a mobilizá-lo utilizando um pente de cabo comprido. Ou ser colocada uma pega no pente;
– Se o doente não conseguir realizar esta actividade, deve ser ajudado, uma vez que é importante o doente se sentir bem consigo.
ALGUNS EXERCÍCIOS A REALIZAR EM CASA:
Realizar pelo menos 3 vezes ao dia. O doente segura a mão do lado afectado com a mão sã e junta as mãos. A cabeça deve de estar um pouco inclinada para o lado bom. O cotovelo bom deve de estar esticado levando consigo o braço afectado.
O exercício da ponte é importante tanto para ajudar os familiares na higiene do doente como para reeducação do movimento normal.